Aprender a ler reforça cérebro e olhos
Aprender a ler não só é determinante para aumentar as capacidades comunicativas e de compreensão do mundo como também ajuda a reforçar as estruturas cerebrais e do sistema de visão. E este fenómeno acontece em qualquer idioma e em qualquer idade, o que leva uma equipa de investigadores portugueses, brasileiros, belgas e franceses a defender – num artigo publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” – que se trata de um fenómeno universal.
De acordo com o jornal “público”, estes cientistas já tinham publicado, em 2010, na revista Science, um primeiro estudo sobre a forma como a aprendizagem da leitura deixa uma “marca” no cérebro humano. Agora, os autores submeteram voluntários adultos brasileiros e portugueses – 24 que sabiam ler, 16 ex-analfabetos e nove totalmente iletrados – a testes de discriminação visual enquanto registavam a sua atividade cerebral.
Primeiro efeito da literacia: menos de 200 milissegundos após a apresentação de sequências de letras escritas, a atividade cerebral das pessoas que sabiam ler aumentava de forma espetacular na área especializada no tratamento visual da escrita. “O que isto significa é que os efeitos da literacia emergem muito cedo no processo de tratamento da informação visual”, disse Paulo Ventura em entrevista telefónica ao “Público”. “Um outro efeito muito forte [da literacia] é o aumento da precisão da nossa discriminação dos objetos visuais”, acrescenta este cientista. Acontece que as pessoas que sabem ler discriminam melhor duas imagens semelhantes (mas não idênticas) do que as pessoas iletradas. E ainda um terceiro efeito detetado pelos cientistas tem a ver com as imagens “em espelho” – onde, mais uma vez, o desempenho de quem sabe ler é muito melhor do que o de quem não sabe. “Saber distinguir entre um ‘b’ e um ‘d’ e entre um ‘p’ e um ‘q’ basta para melhorar drasticamente a nossa discriminação das imagens em espelho”, frisa Paulo Ventura.
Escrito por Pais&filhos Sexta, 28 Novembro 2014
